Doce de mãe
Quando menino, lembro claramente de ter como vizinha, uma menina moreninha e bonitinha.
Muito tímido, eu ficava observando de longe, aquela garotinha.
Tinha uns cabelos longos e negros.
Olhos esverdeados e amendoados.
Quando sorria, aparecia uma covinha no queixo.
Quando ela percebia meus olhares furtivos, ficava ruborizada.
Era uma gracinha.
Certo dia, ela, para pedir um favor para a mãe , entrou em nossa casa no momento em que minha mãe servia a mim e a meus irmãos um doce de goiaba.
Minha mãe foi muito carinhosa com aquela menina, e estendeu à menininha o doce.
No primeiro momento foi uma estranheza só.
Mas, por muito tempo isso se repetiu.
Hoje, adulto, entendi o gesto de minha mãe.
O mundo precisa de pessoas assim, que se dispõe a ser amáveis e carinhosa apenas pelo prazer de ver o outro feliz.
E, também, por aquele gesto, minha mãe, por instinto ou não, me fez aproximar, namorar e casar com aquela menininha.
Passado este tempo, aquela menininha continua com a mesma beleza.
Seus olhos brilham quando me vê. Sua covinha no queixo fica mais saliente quando sorri para mim.
E seus cabelos longos e negros, parecem de uma deusa,
e ... ainda...
Aprendeu a fazer aquele doce de goiaba, que a minha saudosa mãe fazia.