Cheiro do perfume
(...) as dimensões do quarto eram volúveis – às vezes apertado, às vezes amplo. Era abafado, e o cheiro forte de cigarro me subia pelas narinas e se prendia a mim. Um ambiente escuro, tão escuro quanto os meus pensamentos. Eu não me importava muito com o que pensava; pareciam sonhos perdidos de alguém estranho. Talvez tivesse sido melhor se tivesse continuado daquele jeito. O odor do cigarro quebrou-se diante da presença da doce fragrância de perfume. Não tinha certeza , mas me atrevi a descobri-lo. Sim, o perfume vigente era seu e torturava-me. O perfume da época em que me apaixonara perdidamente, mas não houve continuidade à esse amor. Perscrutando sobre meus antigos sentimentos a cada odor, pergunto-me como duas pessoas, com o mesmo amor ,torcendo e vibrando com as conquistas e comovendo a cada derrota, podem possuir caminhos tão diferentes. Descobri em mim quando o cheiro do perfume me conduziu sutilmente como uma brisa através dos anos até que o p