Contidamente, aguardarei

(...) claro que no começo, senti te atravessada na garganta ou no peito ou na mente.
Claro que houve momentos em que atravessei o dia tirando a poeira de livros antigos e móveis velhos.
Claro que  caminhei devagar pela casa, olhando o teto branco e abrindo janelas.
Há alturas até em que o desespero teimou em mim, se agarrando ao sangue e correndo por dentro das minha veias.  Retendo minhas expressões.
Aprisionando-me dentro de minhas próprias entranhas.
Há alturas até que tentei te buscar em outros corpos,outros copos , como se fosse possível esquecer e controlar meu intenso envolvimento. O
nde  me dei debaixo de desejos, de paixão e de amor, recheados de episódios, capítulos e desfechos variados. 
E um grande silêncio de palavras.
E a solidão roçando meus ombros.
E a saudade  me rasgando.
 Como não tenho nem ideia de como fazer para voltar no tempo, atravessei a rua ao som da vida que passava em velocidade,  tirei os chinelos e deixei minhas pegadas na areia branca e quente. 
 Na minha  frente, a imensidão do mar.
  Meu olhar tentando chegar até o horizonte onde o mar encontra-se com o céu. 
E confessei-me ao mar, ao som das ondas a tocar dentro de mim.
  -Se não fosse amor,desistiria. 
Contidamente, aguardarei. 
E sei lá, é o tempo todo, o tempo inteiro. 
Quem sabe.De partir ficando ali.
Quem sabe.Vou te esperar aqui. 
Quem sabe.Um dia.

Para ficar ao meu lado, cúmplice, dividindo a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta minha vontade intensa  de amar e viver... 

Imagens:Google
19,20 e 21/Agosto/2013