Minha razão de viver

Não tinha palavras para descrever minha felicidade. 
Depois de muitas tentativas, Cláudia estava grávida.


Noite do dia 25 de julho.
Chegando em casa ,  perto da hora do jantar, estranhei
a ausência do aroma delicioso que sempre vinha da cozinha. 

  Fui rapidamente até a cozinha e encontrei a Cláudia desacordada na cabeceira da mesa de jantar.  
Tentei reanimá-la, mas ela não reagia. Peguei-a no colo e fui para o hospital o mais rápido que eu consegui.
...
 Lembro me de todas as minhas fragmentações de sofrimento, desespero e  medo, ao encarar o olhar impassível do médico .  Habituado a dizer o pior.
 _Nasceu sua filha, afirmou o médico. Há apenas um ...
_O quê? - perguntei com um péssimo pressentimento, não podia ser verdade.
_ Sua esposa não resistiu. Sinto muito! 
Cláudia tinha acabado de falecer.
Bianca tinha acabado de nascer.
...
Foi um longo caminho de volta para casa. 
Um longo e lento caminho de volta. 
Uma etapa muito difícil.  
Além de trabalhar o dia inteiro,  estudava à noite.
Isso tudo me deixava cansado demais e quase não conseguia ter tempo para cuidar de minha filha Bianca.
...
Outro dia, estávamos aqui, eu e a Bianca, enxergando um à outra , de uma distância que pode ser medida com os dedos de uma mão. 
Tive medo de ver a Bianca me olhando confusa, como se  fosse capaz de ouvir os meus olhos gritando de saudade de minha esposa.
E o contraditório é que  Bianca  nunca quis saber de uma porção de coisas.
Parecia não querer saber dos meus motivos de não  fazer nenhuma festa aqui em casa. 
Inclusive, Bianca não tinha motivos para comemorar seu aniversário. 
Nunca fiz nenhuma  para ela. 
 Nunca ganhou presente de aniversário.
...
Me fechei por vontade própria.  
Não conseguia mais passar nenhum dia  sem a  Cláudia. 
E assim foram passando os dias.
...

Noite do dia 25 de julho.
Cheguei tarde em casa, mas a tempo de contar uma historia para a Bianca dormir. 
Na verdade, ela já nem gostava muito daquelas velhas historias que eu contava. 
Mas  sabia que era o único momento  para ficarmos juntos . 
Num de seus cochilos, entre uma história e outra, a pergunta inocente.
_ A tia falou outro dia que temos que comemorar a data de nosso nascimento ! É verdade, pai?
Breve silêncio. Suspirei.
_ Sabe, filha… É?… Você já olhou lá na cozinha, na mesa ?
_ Que mesa?
_A nossa mesa de jantar.
A Bianca foi eufórica. Quando abriu o embrulho , soltou um grito tão grande. E retornou correndo, me abraçando, –  dizendo:
_Você é o melhor pai do mundo. 
...
Tinha um sentimento: o sofrimento. Procurei a origem. Falta de confiança ,  fé, solidão, saudade, raiva da morte. 
Rejeitei a comiseração, que aumentava a dor e roubou me o poder de ver o brilho da vida.
Olhei objetivamente e honestamente para aquele sentimento e defini: Viver a vida. Sofrer para que e por quê? Tenho a Bianca. A Bianca é tudo na minha vida. Não consigo me imaginar vivendo sem ela. 
Minha razão de viver.

Não tenho palavras para descrever minha felicidade.
... é uma ficção, Qualquer semelhança com fatos ou pessoas é uma mera coincidência..."Ou não!

Ah sim - De forma empírica, De cada 10 (dez) blogueiros,  9 (nove) ,  baseando-se em suas próprias crenças, desejos e sonhos , querem "escrever" um livro . 
E  eu sou o 1 (um) restante. 
 Porém, contudo, entretanto, seria dissimulado se dissesse que não fiquei muito feliz ao ler um escrito meu  em um livro. 
Já faz algum tempo , 2 (dois) anos já, uma Antologia Literária ,  tema Natal. 
Por esses dias, reli  o conto , com a mesma emoção, alegria   e felicidade, mas,  resolvi fazer uma adaptação,  uma manifestação do pensamento livre, repaginando e mudando o tema, de Natal para Aniversário  .

Obrigado,
ℱelisberto N. Junior