Doce de goiaba
Por ser muito tímido, eu ficava observando de longe aquela garotinha .
Tinha uns cabelos longos e negros.
Olhos esverdeados e amendoados.
Quando sorria, aparecia uma covinha no queixo.
Quando ela percebia meus olhares furtivos, ficava ruborizada.
Era uma gracinha.
Certo dia, para pedir um favor para a sua mãe , ela entrou em nossa casa no momento em que minha mãe servia a mim e a meus irmãos um doce de goiaba.
Minha mãe foi muito carinhosa e estendeu à menininha o doce.
No primeiro momento foi uma estranheza só.
Ficamos, eu e meus irmãos, observando a cena e o doce esquecido.
Por muito tempo isso se repetiu.
Hoje, entendi o gesto de minha mãe.
O mundo cada vez mais precisa de pessoas que se importa com os outros e que se dispõe a ser amável e carinhosa apenas pelo prazer de ver o outro feliz.
Onde podíamos melhor estender as mãos é quando afastamos, presos no arcabouço do egoísmo e individualismo.
E quis o destino, por aquele gesto , minha mãe me fez aproximar, namorar e casar com aquela menininha.
Passado todo este tempo, aquela menininha continua com a mesma beleza.
Seus olhos brilham quando me vê.
Sua covinha no queixo fica mais saliente quando sorri para mim.
E seus cabelos longos e negros parecem de uma deusa.
E ainda aprendeu a fazer aquele doce de goiaba, que a minha saudosa mãe também fazia.
repaginada,ficção, "qualquer semelhança com fatos ou pessoas é uma mera coincidência "ou não...
Obrigado,
ℱelisberto N. Junior