Luz na avenida

Ergueu levemente o lindo rosto. 
Cabelos pretos e encaracolados.
A pele morena realçada pelo azul dos olhos. 
Maquiagem impecável. 
Bochechas rosadas. 
Pele de cetim. 
Batom de carmim.

Observou os indivíduos com almas desiludidas e muita carência. 
Expirou profundamente , como quem não quer soltar o ar por medo de se sentir vazia.
Ajeitou sua saia de cintura alta e abotoou alguns botões de sua camisa.
É importante se manter na linha.

Luz na avenida. Virou passarela. Lá vem ela. 
De passagem. Alegre e feliz.

Ave maria. Cheia de graça. Ritmo cadenciado. 
Cheia de dengo.Sem parar.
Cintura fina. Afinado violão.
Harmônico conjunto que a deixa no centro dos olhares. 
Tanto no ir como no vir.

Sem dar conta e sem saber bem como. 
Sentiu-se num prazer furtivo. 
Ser parte do todo aos olhares à flor da pele, enquanto gozava sozinha a nostalgia.
Lendo muito tempo depois o que escrevemos, quase não conseguimos reconhecer que o texto é de nossa autoria; pois é, esse é!

Obrigado,
ℱelisberto N. Junior