Paixonite aguda

Talvez vocês não saibam – porque não se conta tudo em um blog.
Mas , em suma, 
durante a adolescência não queria saber de nada na vida: não trabalhava, não estudava, dormia durante o dia e passava noites inteiras assistindo filmes. 


Aquilo já era demais para meus pais!
- Meu filho, estamos preocupados.
O que você quer da vida?

Eu era um filho que causava preocupação  mesmo, eu admito.
Porém eles não sabiam que eu tinha sido acometido pela paixonite aguda.


Exagerados ou não, os pensamentos eram variados, ardentes e muitas vezes arriscados, mas quase sempre, em direção à concretização da expectativa desta paixão.
Apegava-me ; não conseguia mais liberá-los de minha mente.
E por isso ficava emperrado; sem vontade de estudar, sem vontade de sair do quarto, só assistia filmes.

E mesmo quando a verdade chegava pessoalmente batendo a minha porta, recusava abri-la.
Por trás estava uma dificuldade de enfrentar a realidade; uma tentativa de viver o que e como se queria viver e não o que se vive e se era de fato.

 Posso dizer que a minha paixonite durou apenas alguns segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos.
Ou que foi só por um instante.
Ou que foi por uma fase da vida.

Ademais,  também não quero fazer loucura; não quero acabar com o meu casamento por causa de uma paixonite.
De tal maneira que , em casa, não assisto mais filmes com
 a estonteante Sharon Stone.

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[ qualquer semelhança com fatos ou pessoas é uma mera coincidência, ou não!]
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Obrigado,